Breve História da Arquitetura Portuguesa
A arquitetura portuguesa reflete a rica história do país, marcada por influências culturais diversas, períodos de prosperidade e desafios políticos. Desde os tempos pré-romanos até à modernidade, o estilo arquitetónico de Portugal evoluiu, incorporando elementos locais e externos que moldaram a sua identidade única.
Período Pré-Romano e Romano (até ao século V)
Os primeiros vestígios arquitetónicos em território português remontam aos povos indígenas, como os celtas e lusitanos, que construíram castros – povoados fortificados em pedra, como o Castro de Vila Nova de São Pedro. Com a chegada dos romanos no século II a.C., a paisagem mudou drasticamente. Cidades como Bracara Augusta (atual Braga) e Olisipo (Lisboa) receberam aquedutos, templos e villas, destacando-se o Templo Romano de Évora, uma das estruturas romanas mais bem preservadas do país.
Idade Média: Românico e Gótico (séculos V-XV)
Após a queda do Império Romano, os visigodos deixaram marcas modestas, como a Capela de São Frutuoso, em Braga. A chegada dos mouros no século VIII trouxe avanços em técnicas de construção, visíveis em castelos como o de Silves. Com a Reconquista Cristã, o estilo românico floresceu entre os séculos XI e XIII, com igrejas robustas como a Sé Velha de Coimbra.
No século XIII, o gótico ganhou força sob o reinado de D. Dinis e D. Afonso IV. A Sé de Lisboa e o Mosteiro da Batalha, este último concluído no século XV, são exemplos notáveis, com suas abóbadas ogivais e vitrais intricados. O gótico português, muitas vezes austero, reflete a espiritualidade da época.
Era dos Descobrimentos: Manuelino (séculos XV-XVI)
O período dos Descobrimentos marcou o apogeu da arquitetura portuguesa com o estilo manuelino, uma variante exuberante do gótico tardio. Desenvolvido durante o reinado de D. Manuel I, este estilo celebra as conquistas marítimas com motivos náuticos, como cordas, âncoras e esferas armilares. O Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, e a Torre de Belém são ícones manuelinos, combinando funcionalidade com uma estética rica e simbólica.
Barroco e Rococó (séculos XVII-XVIII)
O século XVII trouxe o barroco, influenciado pela Contrarreforma e pela riqueza do ouro brasileiro. Palácios como o de Mafra, com sua monumentalidade, e igrejas como a de São Roque, em Lisboa, exibem ornamentos exuberantes e talha dourada. No século XVIII, o rococó suavizou essas formas, como visto no Palácio de Queluz, conhecido como o "Versalhes português".
Neoclassicismo e Século XIX
Após o terramoto de 1755, que devastou Lisboa, o Marquês de Pombal liderou a reconstrução da Baixa Pombalina, um marco do urbanismo neoclassicista com ruas ortogonais e edifícios funcionais. No século XIX, o romantismo inspirou obras como o Palácio da Pena, em Sintra, uma fusão eclética de estilos gótico, manuelino e mourisco.
Século XX e Modernidade
A arquitetura portuguesa do século XX começou com o modernismo, liderado por figuras como Fernando Távora e Álvaro Siza Vieira. Siza, vencedor do Prémio Pritzker em 1992, trouxe uma abordagem minimalista e sensível ao contexto, visível no Museu de Serralves, no Porto. Nos últimos anos, arquitetos como Eduardo Souto de Moura (Prémio Pritzker 2011) continuaram a tradição de inovação, com obras como a Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais.
Atualidade
Hoje, a arquitetura portuguesa equilibra preservação histórica e modernidade. Projetos como o Centro Cultural de Belém e a revitalização urbana do Porto destacam essa dualidade. A sustentabilidade e a integração com a paisagem são prioridades, refletindo a evolução de uma nação que sempre olhou para o passado enquanto abraça o futuro.