Bienal de Arquitetura de Copenhague 2025: Desacelerar para Construir um Futuro Sustentável
Em um mundo que corre desenfreadamente, Copenhague está prestes a puxar o freio de maneira consciente com a estreia da Bienal de Arquitetura de Copenhague 2025. Programada para ocorrer entre 18 de setembro e 19 de outubro de 2025, esta iniciativa de um mês, organizada pelo Fórum de Arquitetura de Copenhague (CAFx), chega com o tema instigante “Desacelerar” (Slow Down). Após uma década de festivais anuais, a transição para o formato bienal reflete a ambição de aprofundar o debate global sobre o papel da arquitetura em um planeta sob pressão, propondo uma pausa estratégica para repensar como projetamos e habitamos nossas cidades.

Sob a curadoria de Josephine Michau, mente por trás do Pavilhão Dinamarquês na Bienal de Veneza de 2023, o evento desafia a lógica da pressa que domina o setor. “Desacelerar não é apenas uma pausa, é um gesto de cuidado radical”, afirmou Michau. “Queremos explorar o que acontece quando a arquitetura prioriza a durabilidade em vez da urgência.” Esse espírito guiará uma programação rica, que inclui exposições, simpósios, exibições de filmes, visitas guiadas e encontros em estúdios, espalhados por pontos culturais da cidade, como Søren Kierkegaard Plads e Gammel Strand.
O tema “Desacelerar” não poderia ser mais oportuno. Com o setor da construção responsável por cerca de 37% das emissões globais de CO2, 30% da geração de resíduos e uma fatia significativa da perda de biodiversidade, a bienal propõe um contraponto: projetos que valorizem a longevidade, o reaproveitamento e a harmonia ecológica. Um dos destaques será a iniciativa Pavilhões Lentos (Slow Pavilions), um concurso aberto lançado este ano para arquitetos emergentes da região nórdica. As duas estruturas temporárias, feitas de materiais reciclados e regenerativos, servirão como espaços de interação pública e símbolos de uma prática arquitetônica mais consciente.
Copenhague, eleita Capital Mundial da Arquitetura pela UNESCO-UIA em 2023, é o cenário perfeito para essa reflexão. Suas ruas amigáveis aos pedestres, metas de neutralidade de carbono e foco no bem-estar humano a tornam um laboratório vivo para as ideias da bienal. Ainda assim, Michau reforça que o alcance vai além: “Não estamos desacelerando apenas Copenhague, mas questionando como a arquitetura pode recuperar o tempo em escala global — tempo para reflexão, para os ecossistemas, para as futuras gerações.”
A seis meses da abertura, o evento já conta com o respaldo de entidades como Realdania, a Fundação Dreyers e a Prefeitura de Copenhague, sugerindo um impacto que pode reverberar internacionalmente. Enquanto o CAFx finaliza a programação, a expectativa cresce por colaborações com pensadores globais e inovadores locais. Para uma disciplina frequentemente refém da velocidade, a Bienal de Arquitetura de Copenhague 2025 promete ser um convite raro e necessário: desacelerar para construir um futuro que valha a pena habitar.